CORPO + MENTE = SAÚDE PERFEITA
Resumo:
Neste artigo apresentaremos resultados científicos comprovando a importância dos efeitos antidepressivos causado pela prática de exercício regular orientado corretamente, visando prevenir o desenvolvimento da depressão, reduzir a frequência de internação de pacientes diagnosticados com este transtorno (Strohle et al., 2006).
Depressão:
A depressão está entre as doenças mais prevalentes e de maior incidência na América do Norte. No Brasil, a prevalência chega a atingir aproximadamente 4% da população (Barros et al., 2011).
A Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece a depressão como uma das principais causas de doenças (observadas em ferramentas epidemiológicas utilizadas para avaliar como as populações vivem e sofrem o impacto de determinada patologia), e tem alertado para a necessidade de redobrar os esforços na prevenção e no tratamento desse grave problema de saúde pública (Murray e Lopez, 1997).
O interessante é que um número cada vez maior de pacientes está adotando terapias baseadas na medicina complementar e alternativa (MCA) para tratar a depressão.
Logo abaixo contem o trailer do filme Melancholia de Lars Von Trier é um dos exemplos mais recentes do cinema que ilustra com beleza e sensibilidade um pouco da vivência de “Justine”, a irmã gravemente deprimida, interpretada por Kirsten Dusnt
https://www.youtube.com/watch?v=wzD0U841LRM
Quando falamos em depressão, os episódios duram pelo menos duas semanas e apresentam cinco ou mais dos seguintes sintomas com um significativo prejuízo do funcionamento:
● Insônia ou sono excessivo quase todo dia;
● Fadiga ou perda da energia quase todos os dias;
● Redução da capacidade para pensar ou concentração, quase todo dia;
● Humor depressivo na maior parte do dia, quase todo dia;
● Sentimento de falta de valor, culpa excessiva ou inapropriada, quase todo dia;
● Perda marcante do interesse ou prazer em toda ou em quase todas as atividades, na maior parte do dia, quase todo dia;
● Perda importante de peso ou ganho de peso (uma mudança maior do que 5% do peso em um mês) ou aumento ou diminuição importante do apetite;
● Agitação ou lenhificação dos movimentos quase todos os dias, observados por terceiros;
● Pensamentos recorrentes de morte, de ideação suicida, de tentativa de suicídio ou um plano específico de se matar.
Exercício físico como terapia para depressão:
Os resultados provenientes de estudos indicam que o exercício regular além de proteger contra o desenvolvimento da depressão, também pode reduzir a frequência de internação de pacientes diagnosticados com este transtorno (Strohle et al., 2006).
Recentemente, Singh e coautores (2005) conduziram um estudo para testar as seguintes hipóteses: verificar se (1) o treinamento resistido progressivo (TRP) atua efetivamente como um agente antidepressivo em idosos com depressão; (2) se o TRP de alta intensidade gera mais benefícios que o de baixa intensidade; e (3) se o TRP de alta intensidade supera a assistência médica padrão (como a terapia ocupacional e psicológica).
Os resultados mostraram uma redução de 50% no escore da Escala de Hamilton para Depressão em 61% dos participantes do grupo de TRP de alta intensidade, 29% dos de baixa intensidade e 21% dos que integraram o grupo de assistência médico padrão.
Diante desses dados, os autores concluíram que o TRP de alta intensidade foi mais efetivo do que o de baixa intensidade e grupo de assistência médico padrão no tratamento da depressão em pacientes idosos.
Existem também estudos comparando a eficácia do treinamento aeróbico e de antidepressivos sobre a sintomatologia destes pacientes (Blumenthal e Ong, 2009; Deslandes et al., 2010). Neste contexto, Blumenthal e colaboradores (1999) constataram que as drogas antidepressivas tinham uma resposta terapêutica inicial mais rápida do que o exercício.
Contudo, após 4 meses de treinamento, ambos os tratamentos foram igualmente eficazes na redução da gravidade dos sintomas depressivos. Em adição a esses achados, observou-se que a taxa de recidiva após o termino da intervenção foi significativamente menor no grupo exercício (8%) do que no grupo tratado com antidepressivos (38%) (Babyak et al. 2000).
Além disso, existem evidências demonstrando que quanto maior o nível de atividade física, menor é prevalência da depressão (Jerstad et al, 2010).
Como exemplo, DiLorenzo e colaboradores (1999) distribuíram aleatoriamente 111 adultos saudáveis em três grupos: exercício intervalado, exercício continuo e grupo controle.
Neste estudo, foi observada uma redução significativa dos sintomas depressivos nos dois grupos treinados quando comparados aos controles. Dando suporte a esses achados, inúmeras pesquisas têm demonstrado que esta prática influência positivamente as manifestações clinicas vistas em pacientes com depressão (Brosse et al., 2002).
Com a finalidade de verificar a influência do treinamento aeróbico de curta duração (10 dias) sobre os sintomas depressivos, Dimeo e colaboradores (2001) recrutaram 12 pacientes com idade média de 49 anos diagnosticados com o transtorno segundo o Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (DSM-IV).
No final do programa constituído por 30min de caminhada durante 10 sessões, os autores verificaram uma redução significativa nos escores de depressão destes indivíduos (antes: 19,5±3,3; depois: 13±5,5), demonstrado a efetividade do exercício (mesmo em curto prazo) sobre o humor destes pacientes.
Baseados nos achados descritos acima, inúmeros trabalhos têm buscado identificar os potenciais mecanismos subjacentes ao efeito antidepressivo mediado pelo exercício físico.
Conclusão:
Como foi constatada, a prática de exercício físico gera inúmeros benefícios à saúde e qualidade de vida de pacientes com depressão. Assim como nas drogas antidepressivas, este tipo de abordagem se mostra bastante eficaz na redução dos sintomas do transtorno, pois as alterações neuroquímicas (monoaminas e beta-endorfina), neuroendócrinas (eixo HHA), moleculares (IGF-1, BDNF e VEGF) e estruturais (neurogênese e da angiogênese) induzidas pelo exercício físico tem uma importante ação terapêutica no tratamento da depressão.
Referências bibliográficas:
Babyak M, Blumenthal JA, Herman S, Khatri P, Doraiswamy M, Moore K, Craighead WE, Baldewicz TT, Krishnan KR. Exercise treatment for major depression: maintenance of therapeutic benefit at 10 months. Psychosom Med. 2000; 62(5):633-8.
Barros MB, Francisco PM, Zanchetta LM, César CL. Trends in social and demographic inequalities in the prevalence of chronic diseases in Brazil. PNAD:2003- 2008. Cien Saude Colet. 2011;16(9):3755-68.
Blumenthal JA, Ong L. A commentary on ‘Exercise and Depression’: and the verdict is…. Ment Health Phys Act. 2009; 2(2):97-99.
Brosse AL, Sheets ES, Lett HS, Blumenthal JA. Exercise and the treatment of clinical depression in adults: recent findings and future directions. Sports Med. 2002; 32(12):741-60.
Dimeo F, Bauer M, Varahram I, Proest G, Halter U. Benefits from aerobic exercise in patients with major depression: a pilot study. Br J Sports Med. 2001; 35(2):114-7.
Jerstad SJ, Boutelle KN, Ness KK, Stice E. Prospective reciprocal relations between physical activity and depression in female adolescents. J Consult Clin Psychol. 2010; 78(2):268-72.
Murray CJ, Lopez AD. Global mortality, disability, and the contribution of risk factors: Global Burden of Disease Study. Lancet. 1997;349(9063):1436-42.
Ströhle A, Feller C, Strasburger CJ, Heinz A, Dimeo F. Anxiety modulation by the heart? Aerobic exercise and atrial natriuretic peptide. Psychoneuroendocrinology. 2006; 31(9):1127-30